segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Alvorada

A Lua foi minha cumplice e minha rival.
Eu a amei e a vi parti.
O orvalho tocou meu rosto, me congelou e me renovou.
Quando achei que não restou mais nada para eu admirar,
me vi sozinha e brilhando como a alvorada.

cris roseno


(Agora é a vez de dizer: e que venham as boníssimas novas!)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Atrás da Porta

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua


Composição: Francis Hime/Chico Buarque

domingo, 5 de setembro de 2010

Caverna

Eu me perdi também.
Deslocada no mundo, estou perdida.
O que faço agora
se não posso mais ser quem eu sou?

Pode ser que nunca fui eu mesma.
E arrastá-te-me para uma caverna
onde o fogo do meu desejo
me faz ver apenas sombras e espectros
do meu mais novo e velho sonho.

Sempre tive medo de ser desnuda.
De descobrirem meus segredos
e perceberem que não sou a Monalisa
e muito menos, a garota de Ipanema...
... Teresa da praia...

Sim meu bem,
só você sabe que não sou bossa,
apesar de nova.

E por isso me perdi.
Quero me esconder,
me reinventar.

Pois não gosto de me apaixonar a esmo...

Por que não?
Mas, por que sim?

O amor não é funcional.
E foi isso que aprendi

a Fórceps.

Cris Roseno