domingo, 5 de setembro de 2010

Caverna

Eu me perdi também.
Deslocada no mundo, estou perdida.
O que faço agora
se não posso mais ser quem eu sou?

Pode ser que nunca fui eu mesma.
E arrastá-te-me para uma caverna
onde o fogo do meu desejo
me faz ver apenas sombras e espectros
do meu mais novo e velho sonho.

Sempre tive medo de ser desnuda.
De descobrirem meus segredos
e perceberem que não sou a Monalisa
e muito menos, a garota de Ipanema...
... Teresa da praia...

Sim meu bem,
só você sabe que não sou bossa,
apesar de nova.

E por isso me perdi.
Quero me esconder,
me reinventar.

Pois não gosto de me apaixonar a esmo...

Por que não?
Mas, por que sim?

O amor não é funcional.
E foi isso que aprendi

a Fórceps.

Cris Roseno

Um comentário:

  1. A vida é uma abismo irreversível em que nós, cartas de baralho frágeis, nos jogamos e somos empurrados. A vida, sádica e irônica que é, faz questão de embaralhar tudo sem ordem ou pudor, sem nexo algum. Constrói castelos e, com um sopro, o desmancha em segundos. Somos assim levados e nos levamos.
    No processo todo, o mais complicado é nos enxegarmos humanos, nada de mitos. Sinceros, nada de sorrisos não-sorrisos. Seres transformados "a fórcepes" em morcegos que, cegos, desajustados em suas asas, tem de aprender o segredo do voo e da escuridão.
    A vida é abismo-caverna que não traz resposta alguma e, quando estamos prestes a responder, põe tudo a baixo com um simples ponto de interrogação.

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